Pela primeira vez,
não sentia qualquer prazer
na superioridade intelectual.
Naquele instante,
gostaria de ser uma dona de casa siciliana,
com as ancas largas, a lasanha no forno
e as crianças na barra da saia.
(...)Queria não ter lido Nietzsche, Foucault,
Marx,Freud,Deleuze,Lacan.
Queria não ter ombros largos.
Queria não ter opinião.
Mas tinha.
E era estranho pensar como tudo
que representava tanto valor poucos minutos antes
agora não passava de névoa, espuma de chuveiro, pó.
(...)Ela levantou, deu uma última olhada no apartamento
e saiu pela porta da cozinha.
Ao ganhar a rua, não olhou para trás.
Tinha memória seletiva,
não precisava de imagens da fachada do prédio
com janelas verdes.
(...)Ficaria com as lembranças táteis
(...)A vida sem Antonio Pastoriza seria uma estiagem.
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