Era uma atmosfera tão mágica
e tão assombrosa ao mesmo tempo...
Esperava ansiosa a chegada da 'moça do Yakult'.
Quase um "Avon chama."
Quando tocava a campanhia
eu corria para ver se era ela carregando
a grande bolsa térmica cheia do precioso líquido.
De onde surgia aquela deliciosa bebida?
Era quase uma alquimia...
Minha mãe avisava com tom severo
e revelador:
-Só pode tomar um por dia!
Líquido delicioso.
Raro.
Caro.
Seria fabricado em galpões ultra secretos?
Meu imaginário dava voltas...
Aquilo só podia ser feito em tubos de ensaio,
por cientistas loucos.
Tinha um certo medo...
mas bebia vagarosamente até
a última gota.
O que seriam os tais lactobacilos vivos?
Não conseguia enxergá-los nem com lupa.
Seriam extraterrestres?
Nunca fiquei sabendo...
Com o tempo perdeu a graça ao ser
banalizado nas prateleiras de supermercado.
Acabou-se o encanto.
Tinha o mesmo idílio
com os biscoitos recheados
São Luiz,
cuja propaganda mostrava fadinhas
de vitaminas que voavam ao abrir o pacote.
Detestava biscoitos recheados.
Minha mãe os trazia para meu irmão,
mas eu nunca resistia e
abria os pacotes para ver tais fadas,
tão pequenas e coloridas.
Nunca vi nenhuma.
Meu instito afirmava que era
pq elas voavam rápido demais.
A cada semana abria o pacote
mais vagarosamente.
Colocava meu olho estrategicamente
no interior do pacote,
mas nada.
Minha consciência me respondia
que nem todos os pacotes vinham com fadas.
Só alguns,como num sorteio.
É parece que nunca fomos sorteados...
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