Dez anos antes, durante seu primeiro casamento,
experimentara uma angústia
muito próxima a que estava vivendo
O mesmo formato, as mesmas cores,
o mesmo sujeito paranóico
que procurava defeitos improváveis
e reclamava dos atrasos,
que não a acompanhava ao médico,
que esquecia dos aniversários,
que ignorava o novo corte de cabelo,
que não fingia gostar da sogra,
que virava para o lado
quando ela queria cumplicidade.
Uma compulsão para o erro,
a necessidade perene de sabotá-la
nos pequenos detalhes cotidianos:
nos aromas ,nas decisões, no pensamento,
nos planos, no café com bolo pela manhã.
Ou seja, naquilo que realmente importava.
Atitudes que ficaram bem claras
quando ela arrumou as malas e foi embora,
deixando o desejo materializado pela falta.
Tornando-a uma ausência, ele a eternizara.
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