terça-feira, 9 de setembro de 2008

O menino do dedo verde

"(...)Para essa menina sarar, pensava ele,
é preciso que ela deseje ver o dia seguinte(...)
O Dr. Milmales esperava Tistu [...]
-Então, Tistu - perguntou ele - , que foi que você aprendeu?
Que sabe de medicina?
-Aprendi -respondeu Tistu - que a medicina não pode quase nada
contra um coração muito triste.
Aprendi que para a gente sarar é preciso ter vontade de viver[...].
O Dr. Milmales ficou espantado com tanta sabedoria
num garoto tão pequeno.
-Você aprendeu sozinho a primeira coisa
que um médico deve saber.
-E qual a segunda , Doutor?
-É que para cuidar direito das pessoas é preciso amá-las bastante...
Maurice Druon.O menino do dedo verde.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1984
(capítulo "A menininha doente" - pág 75-78)

O tempo e o vento

Nossas emoções e vivências
são guardadas
na alma.
Onde não existe tempo...
Os espaços onde aconteceram tais
emoções são apenas áreas físicas,
onde os sentimentos não permanecem.
A amplitude das emoções
não sobrevive
a limites demarcados.
Inútil querer resgatar o tempo vivido.
Ele é único.
Insubstituível.
Assim como tudo que dele participa:
Pessoas, cores, luzes, cheiros, sons...
O tempo tem prazo.
Ele não retrocede,
nem quando voltamos aos nossos lugares
preferidos.
Mas nossas lembranças são atemporais.
Revive-se em fração de segundos
sensações que marcaram nossa história.

sábado, 6 de setembro de 2008

Primeiras essências

Bergamota é um excelente antidepressivo,
pois carrega a animação dos óleos cítricos
aliada a um tom floral cálido e suavizante.
Atua principalmente no sistema nervoso
com efeitos muito positivos nas crises emocionais.
Lavanda tem efeito sedativo, é anti-depressiva
e ajuda em questões como dor de cabeça, irritação,
preocupação, insônia cólicas e espasmos, entre outros distúrbios.
É indicada para indivíduos talentosos e com força de vontade,
mas que não conseguem realizar seus objetivos
por estarem presos a elementos inconsientes
que impedem o seu pleno desabrochar.
Ou, ainda, em situações em quer há falta de iniciativa, imaturidade,
hesitação e frustração, além de sentimentos de inferioridade
e/ou de impotência física ou psíquica.
Em todos estes casos a lavanda resgata a autoconfiança
e o poder de auto-realização,
ajudando a romper com as falsas crenças
que limitam o nosso desenvolvimento
e a enfrentar os desafios com entusiasmo.
P.S: Além da aromaterapia com óleos e massagem
estou usando travesseiros aromáticos em
meus "pacientes".

Cheia de poções...

Esse fds estou alquímica:
Uma verdadeira "maga" das poções.
Massagens cheias de energia das plantas...
Bergamota e Lavanda foram as primeiras essências testadas.

A vida é mais do que estar certa...

"Se é verdade que a elegância
significa economia de força,
segue-se então, como uma consequência lógica,
que a prática constante de uma postura elegante
deve trazer consigo uma reserva de força.
Boas maneiras, significam, portanto,
poder em repouso".
Inazo Nitobe
Sabemos mais na medida
que as palavras não são ditas.
Restava-lhe poucas horas...
Naquele momento percebeu
que sabia mais que em 80 anos de vida.
Contemplou o neto que brincava no quarto.
Acalentava-lhe a alma saber que o neto também
sabia tanto quanto ele.
Mas era um momento passageiro...
Restava-lhe pouco tempo
e também
pouco tempo para
que seu neto nada soubesse.
Pensou:
O tempo brincava conosco...
Só se tem conhecimento do que realmente importa,
quando nada mais importa.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Eu Sei, mas não devia

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista,
logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora,
logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas,
logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E porque à medida que se acostuma, esquece o sol,
esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã,
sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíches porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra,
aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E aceitando os números,
aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz,
aceitar ler todo dia de guerra,
dos números da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone:
hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho,
para ganhar mais dinheiro,
para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes,
a abrir as revistas e ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais.
A ir ao cinema, a engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado,
lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às besteiras das músicas,
às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar.
À luta.
À lenta morte dos rios.
E se acostuma a não ouvir passarinhos,
a não colher frutas do pé,
a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber,
vai afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali,
uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio,
a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada,
a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro,
a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer,
a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza,
para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas,
sangramentos,
para esquivar-se da faca e da baioneta,
para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Chacras


Sininho em Araruama

Depois de tanta diversão ainda
recebo email do Jamil
dizendo ver asas de fada numa
fotografia que tirou de mim...
Eu mereço!

Passei um fds deliciosamente "Amélia".
Preparando comidinhas,
chazinhos, cuidando,
curtindo a casa e recebendo amigos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Crenças

Rir junto.
Fazer compras no supermercado
enquanto ele sempre reclama
e pergunta
''já deu? vamos?''.
Olhar um pro outro quando algo acontece
e não precisa se dizer o que.
Conversar durante horas
e não notar que as horas passaram.
Chorar juntos abraçados
por um mesmo motivo doído.
Andar de mãos dadas na chuva.
Ele tomar cerveja, ela guaraná
e não haver nada de errado nisso.
Não é preciso sempre se gostar da mesma coisa.
Acordar e ficar olhando o outro dormir.
Procurar o corpo do outro no meio da noite
e com um certo alívio infantil sentir
que se está protegido por aquele par de pernas.
Levantar exclusivamente porque o outro está com sede
e queria um copo d'água.
Receber um abraço no momento que mais se precisa.
Olhar e sorrir,
feito pessoa besta e sem noção,
apenas por saber que se pode fazer isso sem ser mal interpretado.
Puxar pra si quando se está meio longe.
Ter um leve medo de perder e a certeza absoluta que achou.
No fundo, no fundo...
Nunca deixei de acreditar nisso.
Nunca.
Me ensinaram que xarope rosa aplaca a gastrite,
comprimido vermelho dissolve a enxaqueca
e devemos ter diversos envelopes na gaveta,
daquilo que, dizem, é recomendado para todas as dores.
No entanto, já tive, um dia, bem menos idade
e uma cabeça de vento.
Eu achava que escrevia poesia.
Sonhava com felicidade de vento,
casa com jardim,
trabalho gratificante,
amor pra sempre.
Minhas janelas teriam lua
e meus telhados, vidro.
A vida seria uma varanda aberta.
Foi quando eu tive idéias geniosas
e planos flácidos
e acreditava piamente que chá de alho com limão
e uma única colher de mel era um remédio eficiente.
Pois as dores eram passageiras
e menores que os meus dias novos,
nascendo em manhãzinhas com cheiro incolor de água limpa.
Demorou até que eu percebesse, que, aos poucos,
meus quereres lapidados, tolhidos em reles frascos, desbotavam.
A beleza resignou-se em permanecer nos desvãos da trivialidade,
em doses proporcionais e calculadas.
E me dei conta.
De que haviam transformado as minhas vontades em pretensões.
Por isso aprendi.
A manter sempre os frascos abertos.
E os desejos livres.
O que a gente perde,
um dia a gente encontra,
o que a gente abandona,
fica pra trás.

Tudo que é bom deve ser compartilhado!


Tem gente que vê a gente sempre brincando
e não faz idéia de como, às vezes,
estamos por dentro.
Já reparou como as pessoas mais irritadinhas
acham que só elas têm problemas?
Ou que, os problemas que elas têm
são os maiores do mundo?
Cada um sabe da sua vida.
É preciso (realmente) respeitar o jeito do outro.
Que não é melhor, nem pior que o seu.
Apenas não é o seu.
E tem toda aquela "teoria do espelho invertido".
Se alguma coisa em alguém irrita
você a um ponto insuportável,
olhe bem pra dentro.
Vai ver, é a sua sombra querendo atenção.
Há um mundo mágico de possibilidades escondidas.
E na sutileza desconsertante das respostas
para perguntas que ainda não foram feitas.
Está tudo aí.
Eu sinto.
Mas ainda não compreendo.
Não sei se é uma questão de tempo.
Talvez seja apenas uma questão de aceitação.
Aceitação não daquilo que eu cegamente enxergo,
mas daquilo que eu preciso aprender a "ver".
"(...)Quando você encontra alguém pela
primeira vez, já fica sabendo de tudo
a respeito dessa pessoa;
em encontros subsequentes,
você se torna cego à sua própria sabedoria(...)"
[citação sobre frase de Nietzsche - pag 197 - "O Carrasco do Amor" - capítulo 7 - Dois Sorrisos - Irvin D. Yalom]