sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ele estava chegando.
Ela meteu a mão na bolsa, remexeu, remexeu,
e só então percebeu que tinha esquecido os sorrisos em casa.
Ele abriu a porta.
Ela chamou o garçom e perguntou se havia sorrisos no cardápio.
Estavam em falta.
Ele chegou e sorriu.
Ela não.
Ele sorriu outra vez.
Ela disfarçou.
Ele percebeu.
Ela se desculpou.
Ele entendeu.
Ela chorou.
Ele tomou a mão dela em suas mãos.
Ela corou.
Ele beijou cada um dos dedos dela.
Ela umedeceu.
Ele chamou o garçom e pediu a conta.
Ela foi ao banheiro retocar a maquiagem.
Ele pagou.
Ela pediu à moça loira que sorria um sorriso emprestado.
Ele esperou.
Ela agradeceu à moça loira que sorria pelo empréstimo do sorriso.
Ele se surpreendeu.
Ela sorriu.
Ele chorou.
Ela nunca mais precisou pedir nem comprar sorrisos.
Ele os dava a ela,
embalados em grandes caixas douradas com laços de fita.