sábado, 12 de janeiro de 2008


Dizem os budistas que a vida é um rio, que navegamos numa balsa em direcção ao nosso destino final. O rio tem a sua corrente, a sua velocidade, os seus escolhos e remoinhos, e ainda outros obstáculos que não podemos controlar, mas temos um remo para dirigir a embarcação sobre as águas. É da nossa destreza que depende a qualidade da viagem, mas não podemos mudar o percurso, que termina sempre na morte. Às vezes, não temos outro remédio senão abandonar-nos à corrente. Respirei fundo , estiquei a minha exigua estatura e dei uma palmada no ombro do meu marido.-Endireita-te, Willie. Temos de remar.

Isabel Allende - A Soma dos Dias