sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Olhar


'Os adultos de tanto vê-las,
já não as veem mais.
As coisas
-as mais maravilhosas-
ficam banais.
Ser adulto é ser cego.'
°°Lá vão pelo caminho a mãe e a criança
(...)o caminho por que anda a mãe
não é o mesmo caminho por que anda a criança.
Os olhos da criança vão como borboletas,
pulando de coisa em coisa,
para cima,
para baixo,
para os lados,
tudo é espantoso,
tudo é divertido.
Pena que a mãe não veja nada
do que a criança vê
pq seus olhos desaprenderam
a arte de ver como quem brinca,
ela tem muita pressa,
é preciso chegar,
há coisas urgentes a fazer.
(...)Olhando fixamente para o chão,
ela procura pedras no meio do caminho,
não por amor ao Drummond,
mas para não dar topadas,
e procura tb as poças d´água,
não pq tenha se comovido
com o lindo desenho de Escher
(...)ela procura as poças para não sujar o sapato.
A pedra de Drummond e a poça de Escher
os adultos não veem,
só as crianças e os artistas.°°

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