terça-feira, 30 de outubro de 2007

Todos os dias eu pensava que deveria te fazer uma declaração de amor daquelas.
Com nós dois olhando o pôr-do-sol ou num jantar à luz de velas.
Mas nem as grandes frases nem os grandes gestos parecem encontrar caminho e vão sendo substituídos pela geléia de morango, o café no ponto, a louça lavada, a casa cheirando à lavanda, as contas em dia, o pão fresquinho, os papéis na gaveta, os beijos na porta, o abraço na hora certa, o sorriso no escuro.Foi aí que percebi.
Que a necessidade do clichê era puro (mau) hábito de alguém que foi moldada por amores esforçados.
O nosso é de outro tipo. Original. Ou primitivo, se você preferir.
São sinônimos, de qualquer forma.
Então vamos sair e fazer o de sempre e nem vamos lembrar o quanto já reclamamos que as obrigações são chatas e que a vida se repete.
No espaço de um dia, o nosso dia.
Que vai se transformar em alguns e, de repente, formarão vários meses que, por sua vez, virarão muitos anos.
Vai deixar de ser futuro.Pra ser uma vida, a nossa vida.Que a gente aceita como vem pra, em seguida, fazer dela o que bem quiser.
Porque nós dois entendemos que o que parece perfeito, nunca é e que a realidade não é assim coisa tão ruim, boa parte dela pode ser feita de sonhos.
E você sabe que pra (sobre)viver basta nos (re)conhecermos diariamente.
(C. Delicatessen)

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