terça-feira, 18 de março de 2008

Pessoas de bem...


O importante da nossa vida tornou-se em algo que é exterior a nós

... matéria... bens de consumo...

Nos mais diversos lugares abunda a conversa da treta,

sem substância, sem idéias, ou ideais...

fala-se do carro que é preciso trocar,

dos negócios, do restaurante em que se comeu,

das pernas de fulana, do jogo de futebol,

da plástica, do botox,

e cada um tenta ser o menos simples que o outro...


O consumo veio apenas ao encontro do nosso espírito egoísta, do nosso grande eu... eu tenho... eu quero... eu sou... eu fiz... eu alimento-me a mim próprio do meu próprio ego.

Contrariamente ao que se possa pensar,

é preciso tão pouco para viver feliz e realizado,

é preciso tão pouco do que nos é exterior...

mas muito de nós próprios.

Quando eu era pequeno a minha mãe utilizava muito o termo “boa pessoa”

“vês aquele senhor ali é muito boa pessoa...

muito educado...

mas muito simples...

tem, muito bom coração”.

Hoje em dia um indivíduo assim,

simples, altruísta e bom é considerado um parvo, um lunático...

se calhar podia ter sido alguém... mas não quis fazer aquela trapaça, lixar o colega, fugir aos impostos, etc...

o povo até diz...

“coitado é uma alma simples, um simplório, um ingénuo,...

assim não se safa...

vai comido pelos espertalhões...

de boas intenções está o inferno cheio”.

Hoje em dia já ninguém valoriza as pessoas pelos seus VALORES,

pela sua simplicidade, pela sua pureza ou bondade...

e... o que é incrível é que as pessoas ainda se gabam publicamente das suas pequenas trafulhices e desonestidades.

O problema é que a “grande sociedade moderna” da informação,

das novas tecnologias e do consumo não se compadece

com estes atributos de simplicidade.

O problema é que nesta caminhada competitiva,

que é a vida nos países ditos civilizados,

é tão difícil ser-se simples.

A simplicidade é tão bela,

pois está diretamente ligada à pureza ou à bondade do ser humano,

aos valores que nos ensinaram os nossos avós e pais...

e é por isso que continuo a comover-me, quando através de um olhar,

de um sorriso, ou de um abraço, vislumbro um sinal de SIMPLICIDADE

que é ao fim e ao cabo símbolo de AMOR e de FELICIDADE.

Assim, mesmo nesta sociedade fria,

do século XXI, enquanto houver em cada um de nós um pouco de simplicidade...

a esperança renasce...

o homem não se transformará apenas num mero escravo dos seus caprichos mesquinhos

e a matéria não triunfará sobre o ser HUMANO.