segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Descontrução/Reconstrução


Jean-Paul Sartre
aconselhou seus discípulos
em todo o mundo
a ter um projeto de vida,
a decidir o que queriam ser e,
a partir daí,
implementar esse programa
consistentemente,
passo a passo,
hora a hora.
Ora, ter uma identidade fixa,
como Sartre aconselhava, é hoje,
nesse mundo fluido,
uma decisão de certo modo suicida.
Gostaria que tentassem,
apesar de tudo
apesar de todas as tendências em contrário
e de todas as pressões de fora,
reter na consciência e na memória
o valor da durabilidade,
da constância,
do compromisso.
Não se pode mais contar,
como a antiga geração,
com a natureza permanente do mundo lá fora,
com a durabilidade das instituições
que tinham antes
toda a probabilidade de sobreviver aos indivíduos.
Isso não é mais possível e,
na verdade,
a vida humana individual,
apesar de ser muito curta,
abominavelmente curta,
é a única entidade da sociedade de agora
que tem sua longevidade aumentada.
Sim, somente a vida humana individual
vê crescer sua durabilidade,
enquanto a vida de todas as outras entidades sociais
que a rodeiam
instituições, idéias, movimentos políticos
é cada vez mais curta.
Assim, o único sentido duradouro,
o único significado
que tem chance de deixar traços,
rastros no mundo,
de acrescentar algo ao mundo exterior,
deve ser fruto de seu próprio esforço e trabalho.
Os jovens podem contar unicamente
com eles próprios
e só haverá em suas vidas
o sentido e a relevância
que forem capazes de lhes dar.
Sei que essa é uma tarefa muito difícil…
mas é a única coisa que posso lhes dizer.

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