sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

É no balanço que eu vou...


¨Invenção do Índios da América,

a rede relaxa o corpo,

acalma a mente

e ainda ajuda a

pensar na vida.¨


Rede armada numa cidade grande

é coisa rara mesmo.

Mas em todo Norte

e Nordeste do Brasil

a rede é tradição

para por ao lado do samba,

cafezinho e futebol.

Significa o assento para o jantar,

o encosto para a sesta,

o abrigo para o sono.

'A rede nos acompanha

desde o primeiro ao último dia'

-é berço,

leito nupcial,

é cama de enfermo,

é caixão de morto,

escreveu a escritora

cearense Rachel de Queiroz.

"O balanço suave da rede

trabalha a bipolaridade do cérebro,

estimulando ao mesmo tempo

o lado direito e o esquerdo,

ou seja,

o hemisfério subjetivo

e o objetivo”,

afirma Gil Kehl,

terapeuta ayurvédico de São Paulo,

que indica a rede para bolar projetos.

“Esse é um momento

em que ficamos bastante

conscientes e presentes,

numa espécie de estado de lucidez”.

Para ele, a rede ainda tem o valor

de ser ortopédica.

“Ao contrário da cama,

ela encosta todos os apoios da coluna,

aconchega e ajuda a relaxar os nervos e o corpo”.

Para quem quer dormir na rede,

Gil, que já passou um ano na Bahia

dormindo em uma,

recomenda que o faça de atravessado,

“o que deixa a coluna mais reta e confortável”.
Para Câmara Cascudo,

não dá nem para comparar a rede com a cama.

“O leito obriga-nos a tomar seu costume,

ajeitando-se nele,

procurando o repouso

numa sucessão de posições.

A rede não:

ela toma o nosso feitio,

contamina-se com os nossos hábitos

e repete, dócil e macia, a forma do nosso corpo.

Do jeito que a gente deita ela se molda.”
Mas, mesmo sendo usada

só nos momentos de descanso e deleite,

a rede lembra o gesto de ninar,

o colo, o aconchego.

Eta vidinha boa essa da rede...

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