quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Hoje eu ia contar a história do Gilmar,
um cara que só se preocupa com miudezas.
Em casa, ele traça algoritmos mentais para tudo.
Acorda e, antes de se levantar,
imagina a ordem das tarefas que tem a fazer:
colocar o pão na torradeira,
beber um copo d'água,
levar essas meias do quarto para a área,
escovar os dentes, checar o email.
Coloca tudo na seqüência mais econômica
e vai fazendo:
pega a meia com a mão esquerda,
passa no escritório,
liga o computador,
passa pela cozinha,
coloca o pão na torradeira com a mão direita,
deixa as meias na área,
liga o filtro,
vai ao banheiro escovar os dentes,
conecta a internet,
pega as torradas e o copo d'água...
Tudo isso enquanto planeja próxima seqüência do dia.
Gilmar é avesso às grandezas e só enxerga coisas mínimas.
O processo, a estratégia, o longo prazo ficam lá,
bem fora do alcance da vista.
Gilmar só se preocupa com miudezas
e eu ia contar a sua história hoje, mas desisti.
Tolstoi aconselhou falar da aldeia,
é verdade,
mas do umbigo já é demais.
Além disso,
preciso ligar o gás,
pegar a toalha,
colocar a comida no microondas,
levar o telefone para o quarto,
fechar a cortina...
(Blog Farsantes)