sábado, 7 de novembro de 2009

Anjo & Demônio


O meu ser não dá conta das brisas

e vultos que habitam o corredor da minha alma.

Este espaço que ora parece tão iluminado,

ora tão sinistro, cinzento e empoeirado.

Um lugar que não conheço,

mas que me pertence por inteira.

Algumas vezes ouço passos,

outras, ouço vozes.

São as criaturas do meu pensamento

mostrando-me a face.
Essa face de mim mesma que é tão doce,

tão virtuosa, testemunha do bem

e que ao mesmo tempo se esconde,

se envergonha e interfere na minha realidade.

É o rosto daquilo que é forte,

incontrolável, instintivo.

Criatura que duvida,

que enxerga, que debocha.
Clamo por asas, quero toda a bondade,

toda honestidade e liberdade de viver e ser feliz,

mas me deparo com um penhasco inseguro,

distante e belo, que me amedronta, que me fascina.
Vêm até mim criatura de mim mesmo,

que me testa, me tenta, me provoca

e me leva para o teu castelo.

Satisfaça então, todos os meus desejos.
Vêm criatura divina, com tua delicadeza,

me tira do mar e da minha profundeza,

me toma num sonho, me faz esquecer o breu

e que eu possa ser novamente, eu.
É essa guerra que bifurca meus caminhos,

me faz escolher a companhia.

Campo de guerra infindável,

que trava lutas constantes,

que me ensina a viver, sentir, chorar,

sorrir e amar, e me torna humana a cada dia.

Esse anjo e demônio que habitam o corredor da minha alma...
(Giovana Rossa)

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