quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Passará

Não houve nenhum aviso
se houve,
não foi notado.
No café da manhã
os olhos se cruzaram
e não se viram
braço roçou seio,
já não gerou centelhas fartas,
roçou.
A boca mordeu o pão,
não os lábios, em desejo,
como de costume.
A mão,
segurou, prosaica e firme,
uma pequena xícara,
não procurou a outra
em fervor atávico!
O pequeno e branco pé,
no contraste do scarpin negro
não caçou,
repousou paciente,
no mármore, branco, do piso.
Palavras não foram ditas
sorrisos não foram trocados,
findou
morreu ali,
naquela manhã clara
de vermelha primavera!
Foi-se o amor,
eterno
simples assim,
nem lágrimas deixou.
Na mesa posta,
no jornal entreaberto,
o horóscopo do dia
nada previa.
Seguiram, então,
alforriados
na procura
de outros afetos!
Desertos, incertos...
(Blog Caldo de Tipos)