terça-feira, 27 de novembro de 2007

Resíduo

(…) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um poucode ruga na vossa testa,retrato.
(…) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loçãoe abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Carlos Drummond de Andrade