terça-feira, 27 de abril de 2010

Finitude


°°Somos seres finitos.
Mas, finitos em quê?
Será que a morte é o nosso único fim?
Não.
É certo que a finitude nos ronda
em qualquer ato que possamos realizar.
Somos seres finitos a cada segundo em nossas vidas.
Se pensarmos na finitude em um sentido amplo,
ela significa toda nossa limitação e fragilidade.
E em um sentido restrito ela seria pré-condição
de nossa liberdade de escolha.
Cada escolha dá fim a outras tantas,
e isto nos angustia.
Isso é uma tremenda crueldade:
a escolha é finita
e as possibilidades de escolhas
são infinitas.
Ora, temos que a todo momento
pensar se fizemos a melhor escolha
em detrimento (fim) de tantas outas.
Nos desesperamos pelas escolhas que não fizemos,
pelas que poderíamos ter feito
e por aquelas que fizemos.
A morte é um aviso do que há fim implícito
em tudo que fazemos.
E isto não deve ser entendido
com uma visão pessimista,
mas sim com uma visão otimizada
de cada escolha que estaremos por fazer.
A morte, segundo Heideger,
se repete em cada situação de escolha.
Para ele, assumir a morte
como possibilidade presente a cada instante,
é o mais responsável passo na busca
de uma existência autêntica e criativa.
Mais do que finitos, somos livres para escolher,
com toda angústia inerente a esse processo.
Quando escolhemos de forma consciente
do que estamos perdendo e ganhando
e para que estamos escolhendo,
somos sujeitos de nossa existência.
E, então poderemos morrer e deixar morrer,
dizendo que foram feitas as melhores escolhas
até aquele momento.°°
Flávia Machado
Psicologa Existencial

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