segunda-feira, 15 de novembro de 2010

todo ímpar pode ser par

°°observo o reencontro
de um casal que desconheço.
Não há pressa nos gestos.
Ambos conhecem os caminhos do outro;
não se perdem na inexperiência do olhar.
Não são estranhos ao toque,
à urgência do amor.
Ele estava ao meu lado
a fingir a leitura do jornal.
Quando ela surgiu na porta de desembarque,
ele não resistiu e desequilibrou-se
nos poucos metros
que os separavam.
Um bêbado a trambolhar
na embriaguez do reencontro.
(...) perdi-o de vista.
Quando o encontrei novamente,
já estava envolto nos braços da mulher que chegava.
O que me impressiona é a violência da entrega,
a sofreguidão do encontro.
Há muito deixaram de ser jovens.
Há quanto tempo não se encontravam?
O abraço não acaba em beijo.
(...)O rosto aprisionado entre os dedos
é espanto e alegria.
Aos poucos, as mãos deslizam pelo resto do corpo,
envolvem a cintura e chegam às costas.
O abraço é retribuído com a mesma intensidade.
A incerteza da solidão esfarela-se.°°

2 comentários:

Renato Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Oliveira disse...

Oi querida, como vai?

Obrigado pelas palavras, pela visita e por acomapnhar o trabalho do blog. Obrigado mesmo. Retornos como o teu são sempre válidos e significativos.

Então, uma excelente dica: pretendo catalogar os filmes já analisados sim! provavelmente o farei nas férias.
De momento, tu viu este link: http://www.cinefreud.com/p/filmes-analisados-disponiveis-para.html
Os filmes já escritos estão em ordem cronológica, deste o começo do blog.

Por falar nisso, foi tu quem sugeriu que eu escrevesse sobre o filme "The Box - a caixa" ?

Beijos, ótima 5ª. :)