quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Constantino Tempo

Só agora vejo que tudo começou errado
e mesmo assim foi dando certo
dando certo, até demais, que o passado
eu já não queria para trás, mas aqui perto
de nós, entre nós, feito o presente que se espanta
ao sentir o vulto inevitável do futuro e sua beleza
escorrendo no corpo, invadindo a garganta
que engendra as sobras deliciosas da mesa
do passado, outrora farta, cheia de iguarias,
e vem gotejar em nossas bocas tardias
gotas adocicadas de tempo antes que toda força
em nós seja finada como o presente que se passa.

Paulo Vieira

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