domingo, 3 de maio de 2009



Um escritor nunca esquece

a primeira vez em que aceita algumas moedas

ou um elogio em troca de uma história.

Nunca esquece a primeira vez

em que sente o doce veneno da vaidade no sangue

e começa a acreditar que,

se conseguir disfarçar sua falta de talento,

o sonho da literatura será capaz de garantir

um teto sobre sua cabeça,

um prato quente no final do dia

e aquilo que mais deseja:

seu nome impresso num miserável pedaço de papel

que certamente vai viver mais do que ele.

Um escritor está condenado a recordar esse momento porque,

a partir daí,

ele está perdido

e sua alma já tem um preço.
. Carlos Ruiz Zafón in O jogo do Anjo .

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