Tem dias. E acordo sem gosto pelo bom senso.Não querendo fazer uso da razão.Não fosse esse dia ou outro e eu seria uma outra que ousa sair do pedestal pra rodar baianas. Mas, faço pose de boa moça, a razoável. Mesmo com bico de birra, chutando um balde discreto sob o bico do sapato. Escondo as unhas, não pinto os olhos, não reboco a boca. Mas, limpo as sobrancelhas pra erguê-las em escárnio. E rio pra espantar a outra, afetada, sem educação e berço. E como (seu) fígado no café da manhã. Tem dias...Em outros eu rezo pra não me incomodar com os astros, as runas, os búzios e não sonhar dormindo.Peço pra acordar tranquila, mesmo que preciso seja chorar pra chover no molhado. Rezo pra virar gente. Se for grande, melhor. Canto e rio - que a pequenez não nos maltrate. Finjo que sublimo essa tpm sem sombra de hormônio, apago a luz e acendo incensos. Viro esse avesso do que você pensa que eu sou. Equilibrista onde se lê equilibrada. Calibrando ganhos, desdenhando perdas. Sem entrega nem desabafo. Sorrindo em transe, serena em riste. Tem dias assim, outros assino.Se for pra ser frágil que seja onde eu sou forte.
Claudia Letti
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