quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

conto de um tarde de (quase) verão



Se teve nome não lembra.

Idade, ele conta através de sóis e luas.

Não se recorda de nenhum parente.

Chamam-lhe 'mendigo' e assim ficou sendo.

Muito sujo, maltrapilho,

ossos à mostra, feridas expostas.

As moedas que recebe

são para seu 'pão de cada dia',

até o dia que muda seu pensar.

Teve um sonho...

Sonho esse que o nutre dia após dia.

Não usa mais suas moedas para alimentar o corpo,

usa-as para alimentar a alma.

O sonho de ser milionário

faz suas moedas

-uma a uma-

ficarem no balcão da casa lotérica.

Todo dia faz sua 'fezinha'.

Dizem agora que não é mais mendigo.

Aos olhos de todos

é visto limpo,

bem arrumado, pele tratada e

corpo atlético.

Não usa mais suas moedas

para alimentar seu corpo...

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