domingo, 9 de janeiro de 2011

brilho eterno


Quem tenta apagar o passado
tenta apagar partes de si mesmo...

“Feliz é a inocente vestal
Esquecendo-se do mundo e sendo por ele esquecida
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança”.
Esse poema de Alexander Pope
é citado no insólito 'Brilho Eterno'
do diretor Michael Gondry.
O poema remete à idéia de que a única maneira
de ser feliz é esquecer-se e tornar-se esquecido,
pois somente na ausência de qualquer lembrança
existe toda a graça.
Pope fala de mentes imaculadas,
corações resguardados,
os quais não são assombrados por lembranças
do que um dia foi e nunca mais será...
Apesar da máxima:
“abençoados os que esquecem”
– baseada em uma frase de Nietzsche –
não há como abafar os ecos de relações ou circunstâncias
que um dia vivemos.
O filme oprime o comportamento prepotente do ser humano,
que tenta recriar a memória para evitar a dor.
Assim como o amor define a nossa humanidade,
a dor a define também.

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