quinta-feira, 26 de março de 2009


Sinto quase vontade de dizer tudo.

Sempre escrevi para me manter viva,

para não deixar-me acumular,

acumular e terminar por incontáveis letrinhas no chão

que explodiram por não mais caberem em si.

Há muito que não quero,

e não posso esquecer.

E há sempre o que precisa ser revelado.

Mas em seu tempo próprio,

em ritmo certo.

Eu mesma determino este ritmo e,

por ser parecido comigo,

é devagar e, mais que isso,

sem pressa.

Devagar por escolha,

por preferência.

No entanto, escolho algumas palavras

para comunicar-me com quem sente comigo,

com alguém que na busca por alguma coisa

passou por aqui e, tenha encontrado ou não,

permitiu-se desvairar sobre o amor,

este tema favorito.

E concordou ou discordou de minhas palavras,

mas me perdoou em ambos os casos.

Mas se pudesse contar-te um segredo

eu diria bem baixinho que você não está preparado, ainda.

É preciso mais tempo, mais cumplicidade, mais paz.

Um dia poderei contar que meu maior medo

é minha maior força.

Contarei que ainda não encontrei o abrigo e,

por isso, resguardo-me tanto.

Com aquela confiança de quem se entrega,

deixarei que sintas que quem está oferecendo cuidado

pede proteção.

Um dia aqui,

enquanto estivermos assentados lendo algum livro,

contando as descobertas desta vida inexplicável

ou distribuindo carinho gratuito,

como em um passe de mágica,

segurarei sua mão e estará explícito o sinal.

Então ainda baixinho contarei o tudo,

que sempre traz mais, e o nada,

que vai ser a distração.

Enquanto acredito que coincidências não existem,

acredite que seus passos, mãos, olhos e coração

não te levam nem te trazem por acaso.

Há em ti, como em mim,

esta procura por aquela palavra desconhecida,

aquele sentimento completo,

aquela busca que traga um sentido definitivo.

Não sei o que encontraste aqui

que possa ao menos ter refrescado a parada

enquanto segues tua caminhada,

mas creia que se não encontrou o que procuras

encontrou quem também não cessa sua busca;

e se não há em mim as respostas,

embora haja todas as perguntas,

poderemos trocar palavras e afetos,

e continuarmos, juntos ou não,

com um pouco de mais esperança e beleza.

Então, recebo sua visita com um sorriso

de qualquer tamanho e um abraço sempre.

Pode ficar perto,

deita comigo a observar as estrelas,

passeia de mãos dadas pelo jardim,

escreve um verso sem rima,

toma um banho de chuva

e não faz promessas.

Agora a gente procura junto.

(Blog Eu Maria - 09/02)

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