sexta-feira, 13 de março de 2009

Ainda Alice...terapia e afins

No quinto capítulo,
Conselhos de uma Lagarta,
filosofia profunda aparece
como ingênuo diálogo infantil.
“Quem é você?”.
Está posta a própria existência em questão.
Tantas transformações sofridas
e encontros no mínimo inusitados na toca do coelho,
longe da família, da escola,
das atividades
e círculos sociais próximos,
a resposta poderá ser errada,
porque requer de Alice retomar a própria essência.
Tarefa colossal ante as circunstâncias do País das Maravilhas.
O desassossego se instala;
Carrol questiona a existência antes da autodefinição.
Dúvida antes do Verbo
A lagarta será borboleta.
Espelho da metamorfose.
Escapa a Alice a razão de não poder identificar-se.
- Bom, quem sabe a sua maneira de sentir talvez seja diferente ...
ensaia Alice ainda na tentativa de explicar-se.
- Você! - exclamou desdenhosamente a Lagarta.
– E quem é você?
- Acho que a senhora deveria me dizer primeiro quem é .
- Por quê?
A nova pergunta desconcerta,
confronta sem desvelar-se.
Carrol desarticula o mundo instituído.
Retoma respostas socialmente aceitas,
esvaziadas de significação e lhes dá outro lugar.
Só o olhar primeiro,
um novo olhar,
se permite maravilhar.

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