sexta-feira, 29 de agosto de 2008

COISAS QUE GANHAMOS PELO CAMINHO

(...)Continuo achando que quanto menos precisamos de coisas materiais,
mais nos aproximamos da liberdade de ser uma pessoa que vale a pena.
Mamãe diz que herdei de meu pai essa péssima relação com o dinheiro,
mas, para mim, o dinheiro sempre foi — e sempre será —
o grande vilão das relações humanas.
Embora, como mamãe afirme sabiamente, ninguém possa viver sem ele.
Mas, até hoje, acho melhor ver um sorriso no rosto de alguém
que precisa realmente de alguma coisa, do que ter uma jóia, um carrão
ou uma roupa grifada.
É pena que o mundo continue caminhando na contramão dessa crença,
porque tenho certeza de que todos esses horrores que lemos diariamente
nos jornais são resultado desse pensamento medíocre.
Ainda não consegui convencer mamãe.
Tanto que, quando foi colocar suas pontes de safena,
ela, preocupada comigo, pediu a meu irmão que cuidasse de mim.
Dizia que tinha medo de que eu acabasse como meu pai, “sem nada”.
Tenho certeza de que mamãe está enganada,
mas não consegui convencê-la até agora de que papai não acabou “sem nada”,
como ela pensa.
Ele acabou com o essencial.
E por causa disso tenho certeza de que a vida dele valeu a pena.
(Bety Orsini - Blog O Globo)