segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre o AMOR - Arthur

(...)
O amor é único, como qualquer sentimento,
seja ele destinado a familiares,
ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher
não há laços de sangue,
a sedução tem que ser ininterrupta.
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza,
e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar
uma relação que poderia ser eterna.
Casaram.
Te amo prá lá, te amo prá cá.
Lindo, mas insustentável.
O sucesso de um casamento exige mais
do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir
o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor,
e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.
É preciso que haja,
antes de mais nada,
respeito.
Agressões zero.
Disposição para ouvir argumentos alheios.
Alguma paciência...
Amor, só, não basta.
Não pode haver competição.
Nem comparações.
Tem que ter jogo de cintura
para acatar regras
que não foram previamente combinadas.
Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos,
acessos de carência,
infantilidades.
Tem que saber levar.
Amar, só, é pouco.
Tem que haver inteligência.
Um cérebro programado para enfrentar
tensões pré-menstruais,
rejeições,
demissões inesperadas,
contas pra pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos,
dar exemplo,
não gritar.
Tem que ter um bom psiquiatra.
Não adianta, apenas, amar.
Entre casais que se unem visando
à longevidade do matrimônio
tem que haver um pouco de silêncio,
amigos de infância,
vida própria,
um tempo pra cada um.
Tem que haver confiança.
Uma certa camaradagem,
às vezes fingir que não viu,
fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união não significa,
necessariamente, fusão.
E que amar, 'solamente', não basta.
Entre homens e mulheres que acham
que o amor é só poesia,
falta discernimento,
pé no chão,
racionalidade.
Tem que saber que o amor pode ser bom,
pode durar para sempre,
mas que sozinho não dá conta do recado.
O amor é grande mas não é dois.
É preciso convocar uma turma
de sentimentos para amparar
esse amor que carrega o ônus da relação.