quarta-feira, 9 de abril de 2008

Deu no Saia Justa de hoje

De olho nos garotões
Cresce no Brasil o número de uniões estáveis e casamentos
entre mulheres mais velhas e homens mais novos
EDNA DANTAS
Daryan Dornelles/ÉPOCA

Trocar uma de 40 por duas de 20' sempre foi comportamento típico dos homens que decidiam se divorciar na meia-idade.
A novidade é que as mulheres agora também se sentem liberadas para fazer o mesmo.
Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que a cada ano cresce o número de mulheres que casam com parceiros mais novos - um comportamento até recentemente tido como tabu.
De acordo com dados do Censo de 2000, tabulados recentemente, a mulher é mais velha que o marido em um de cada cinco casamentos e uniões estáveis.
É uma nova tendência nos costumes - um aumento de 25% em 20 anos.
Em 1980, a mulher era mais velha em apenas 15% dos casamentos. 'Antigamente a mulher buscava a estabilidade acima de tudo e, por isso, procurava homens mais velhos, experientes, com a vida ganha', explica a demógrafa Nilza de Oliveira Martins, responsável pelo estudo do IBGE.
'Esses padrões mudaram. Hoje ela busca mais a felicidade.'
Cada vez menos a mulher procura no homem uma espécie de substituto do pai.
A antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
vai mais longe:
'Em função da independência econômica da mulher, tudo mudou nas relações afetivo-sexuais. Por causa disso, surgiu uma série de novos desejos e novas exigências'.
Liberada emocional e financeiramente, a mulher deixou de procurar para parceiro ou marido homens que fossem meros provedores.
'Objetivamente, agora as mulheres têm mais opções. Elas se dão ao direito de escolher homens mais jovens e com menos educação que elas', diz a antropóloga.
Apesar da tendência que representam, os números do IBGE ainda não permitem que o olhar feminino desça muito próximo à base da pirâmide etária.
Segundo os dados oficiais, em 72,6% dessas uniões a diferença de idade entre mulheres e homens é de até cinco anos.
Em apenas 9,2% dos casos a diferença é de mais de dez anos.
Ou seja, apesar do avanço, o poder de escolha feminino ainda é limitado.
Basta dizer que, entre os homens que casam com mulheres mais novas, 16,1% ultrapassam a barreira dos dez anos de diferença em relação às parceiras.
'O preconceito por parte da própria mulher ainda é muito grande. Ela continua dando para a idade um peso muito maior do que dá a todas as suas outras conquistas', lamenta Mirian Goldenberg.
'Quando um homem ou uma mulher se casa com uma pessoa mais jovem, os dois têm mais coisas a oferecer um ao outro do que se fossem da mesma idade', afirma o psicanalista Luiz Alberto Py. 'Um parceiro mais velho traz experiência. O mais novo, energia. São trocas bastante interessantes', completa ele.