”Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal
como o preço abusivo dos tomates,
ou que entenda quando você precisar filosofar
sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. (...)
Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar.
Vai chegar a hora
em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos.
E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém
sem espontaneidade, sem vida nos olhos.
Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja,
mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam.
Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia.
Observe o caráter, antes de perceber as caspas.
Case-se com alguém por quem tenha tesão.
Principalmente tesão de vida.
Alguém que não lhe peça para melhorar,
que não te critique gratuitamente,
alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável
que impregne em você a vontade de ser melhor e maior,
para si mesmo.
Para se casar, bastam pequenas habilidades.
Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las.
É preciso ter quem troque lâmpadas
e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha;
é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés
e alguém que saiba escolher verduras no mercado.
E assim segue-se: um faz bolinho de chuva,
o outro escolhe bons filmes;
um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. (...)
Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama,
se sentimos estalinhos no beijo,
se nossos signos se complementam no zodíaco,
que deixamos de prestar atenção no que realmente importa:
os valores.
Essa palavra antiga e, hoje assustadora,
nunca deveria sair de moda.
Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços,
mas quando duas pessoas olham em direções diferentes,
simplesmente não podem caminhar juntas.
É duro, mas é a verdade.
Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe!
A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando.
Como reconhecê-la?
Vocês estarão rindo.
Rindo-se.”
Diego Engenho Novo
Nenhum comentário:
Postar um comentário