sábado, 23 de junho de 2007

Neguinho ou...

Neguinho ou Branquinho da Beija-Flor?

A análise do DNA de Neguinho da Beija-Flor, feita para um projeto de pesquisa das raízes afro-brasileiras, mostra que 67,1% dos seus genes têm origem na Europa e apenas 31,5% na África. O que reforça a constatação de que, além de ser uma boçalidade político-cultural e um acidente no caminho do pensamento que engrandece o homem, o racismo não se sustenta mais nem com o estúpido e - et pour cause - injustificável pressuposto de uma doutrina que toma a quantidade de pigmentos na pele das pessoas como padrão para medir o direito a uma existência digna.

Não faria a menor diferença se o cantor Luiz Antônio Feliciano Marcondes se chamasse Branquinho da Beija-Flor por uma referência à cor da pele que ele supostamente deveria ter a julgar pela origem majoritária de seus genes - o que, como mostra a pesquisa, é uma grande besteira, porque os genes que determinam a cor da pele são uma parte ínfima do conjunto de genes de uma pessoa, como ensina o geneticista Sérgio Pena. Branquinho ou Neguinho da Beija-Flor, tendo o meu amigo intérprete a voz e o talento que esbanja, ainda assim ele seria o mais forte candidato a ocupar o trono que um dia o grande Jamelão deixará vago. A cor da pele, no caso, é apenas uma discussão acadêmica.

Pode parecer óbvio isso tudo que está escrito aí em cima, porque o racismo como "método" para medir o desenvolvimento da espécie já gorou há muito tempo. Mas como a boçalidade tem o poder de subsistir, por vezes em manifestações não assumidas - como parece ser a atual tática dos estúpidos que acreditam na prevalência de uma raça sobre outra - e por vezes em atitudes assumidamente discriminatórias, não custa nada voltar sempre à discussão. Até porque o que não faltam são exemplos de que, quando dão chance, os racistas de plantão logo se manifestam.

(Cesar Tartaglia)

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