
Mas se eu tivesse ficado,
teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio:
quando se conhece o fim,
quando se sabe que doerá muito mais
-por que ir em frente?
Não há sentido:
melhor escapar
deixando uma lembrança qualquer,
lenço esquecido numa gaveta,
camisa jogada na cadeira,
uma fotografia
–qualquer coisa
que depois de muito tempo
a gente possa olhar e sorrir,
mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada,
e que esse nada seja áspero
como um tempo perdido.
(C.F.A)
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