
' As famílias dos Estados Unidos afirmam
que têm passado menos tempo juntas.
O declínio no tempo dedicado à convivência familiar
coincide com a alta no uso da internet
e da popularidade nas redes sociais,
ainda que um novo estudo não tenha atribuído
à tecnologia a responsabilidade direta pela tendência.
O Centro Annenberg para o Futuro Digital,
da Universidade do Sul da Califórnia,
reporta esta semana que 28% dos norte-americanos
entrevistados por seus pesquisadores no ano passado
afirmaram que têm dedicado menos tempo
à convivência com seus familiares.
O total é quase o triplo dos 11% que admitiram
a mesma coisa em 2006.
Essas pessoas não reportam que estejam dedicando
menos tempo aos seus amigos,
no entanto.Michael Gilbert, pesquisador sênior no centro,
disse que as pessoas estão reportando menos tempo
de convivência com a família no exato momento
em que redes sociais como o Facebook, Twitter
e MySpace florescem e as pessoas lhes atribuem
importância cada vez maior.
Enquanto isso, mais pessoas se declaram preocupadas
com o tempo que crianças e adolescentes dedicam à internet.
A maioria das pessoas pensa na internet,
e em nosso futuro digital, como ilimitados,
e eu concordo com elas", diz Gilbert.
Mas, acrescentou, "a convivência física menor
entre as famílias não pode ser considerada boa.
Isso termina por resultar em famílias menos coesas
e menos capazes de se comunicar".
Na primeira metade da década, as pessoas diziam
dedicar cerca de 26 horas semanais a conviver com suas famílias.
Por volta de 2008, porém, esse tempo de convivência havia caído
em mais de 30%, para cerca de 18 horas.
O advento de novas tecnologias de certa maneira
sempre influenciou a maneira pela qual os membros de famílias interagem.
Os celulares facilitam aos pais saber do paradeiro dos filhos,
e oferece a estes uma privacidade indisponível na era da telefonia fixa.
A televisão encurtou os horários de jantar,
e a queda nos preços dos televisores
fez com que o número destes se multiplicasse,
e com isso pais e filhos não precisam mais se reunir
na sala de casa para assistirem juntos a programas.
Mas Gilbert afirma que a internet é tão envolvente
e requer tanta atenção a mais do que outras tecnologias
que é capaz de interferir nas fronteiras pessoais
de forma que outras tecnologias não poderiam.
"Não é como a televisão,
a que uma família pode assistir unida",
ele disse. A internet, aponta,
é basicamente um espaço de interação individual.
Provavelmente porque podem bancar mais aparelhos
com conexão de internet,
as famílias de maior renda reportaram
maior perda de tempo de convivência familiar
do que aquelas que ganham menos.
E mais mulheres do que homens disseram ter se sentido
ignoradas por um membro da família em troca da internet.'