A estrada é a varanda.
Lá onde vamos respirar o ar de fora, ver outras paisagens ainda que sejam as de sempre, mas estão “lá fora”, são de outro mundo que não o cotidiano.
O que eu quero para minha vida?
Estar lá fora e aqui dentro.
Aqui é pequeno às vezes.
Lá é cansativo às vezes.
Estar no meio é assim, mas também é bom.
Estar no meio é ler tudo, ainda que não se entenda muito.
Quero tudo que eu possa ver, de perto, de longe, do meio, de fora, de dentro, de qualquer lugar menos o de todo mundo - que o de todo mundo é pobre, maçante, fácil, igual.
Todo mundo é igual a alguma coisa, embora se pense diferente e único.
Eu não quero ser igual a nada além de mim mesmo, além desse céu que eu vejo em cima de mim, dessa estrada que está na minha frente, sem rota definida mas cheia de sinalização.
O meu guia não diz aonde ir, mas diz como.
O meu mapa mostra tudo e eu posso seguir o caminho que eu quiser.
Amanhã vou respirar o mundo sem sair ou saindo de casa, a pé ou de carro ou de cérebro.
Amanhã vou ser o que eu fui e o que eu sou e mais um pouquinho. E muita coisa que me cerca não vai ter contribuído em nada para isso. Mais coisas do que eu gostaria não vão ter contribuído em nada para isso.
O pouquinho vai ser meia dúzia de coisas importantíssimas, dentre as quais as vaquinhas da estrada, as músicas de longe no tempo e no espaço e os cheiros de lugar algum e o amor que eu sinto por elas: uma pessoa, uma palavra, mil palavras...
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