Tinha de tudo em sua bolsa.

Até coisas úteis.

(P. Pelarin)

Fazia ajustes em roupas femininas

e sabia muito bem o que era "custo/benefício".

Cobrava 5 para alargar e 15 para apertar.

E ninguém achava caro.

(P. Pelarin)

O jornal estampava na manchete como a economia ia bem.

Debaixo dele,

o mendigo que abrigava dormia,

agora despreocupado.

(C. Seabra)

As árvores passavam céleres pela janela do trem

mas seu olhar nada via,

parado onde embarcara.

(C. Seabra)

Jogava mal.

Era quase um estorvo, mas nunca ficava de fora.

Era o dono da bola.

(P. Pelarin)

O suicida era tão meticuloso

que teve que refazer

diversas vezes o nó da corda para se enforcar.

(C. Seabra)

Aposentado.

Verificava sempre na agenda os compromissos que nunca cumpria.

Dormia um pouco entre uma sonolência e outra.

(Erre Erre)

Aconchego.

Sempre foi só e tinha plena consciência disso.

Na estante,

os livros o contemplavam com um misto

de compreensão e de contentamento.

(Erre Erre)