domingo, 12 de agosto de 2007

No curso de Publicidade mandavam não usar ponto de exclamação.

O ponto de exclamação anda sem moral.

Não serve mais pra nada.

Hoje é todo mundo blasé, ou então a linguagem comercial já é tão exageradamente exclamatória que nem precisa de “!”.

Mas eu tenho essa vontade, sabe? essa vontade enorme de usar exclamação, de ser enfático. Então eu jurei pra mim mesmo que só usaria exclamação quando eu estivesse realmente querendo ser enfático.

Quando o meu espírito estiver se remexendo dentro de mim e a pele estiver quase se rompendo de tão insuficiente o tamanho do corpo para conter a alma excitada e enfática, nesse momento, somente nesse momento eu vou usar o “!” (lê-se “úhmg”).

Jamais farei como um publicitário de segundo escalão, que escreve “Venha conferir nossas promoções, você não vai se arrepender!”

Não!

Farei apenas como Bilac.

Experimente ler isto, imaginando a alma remexendo de espanto e indignação naquele ponto de exclamação do oitavo verso:

OS GOIASIS

Ainda viveis, espíritos obscenos
Como nos dias do Brasil inculto
Na inteligência anãos, como no vulto
Como no corpo, no moral pequenos
Espremeis a impotência do ódio estulto

Em pérfidos esguichos de venenos…
Tendes baixeza em tudo: nem, ao menos,
Força na inveja e elevação no insulto!
Répteis humanos, no coleio dobre

De rastos babujais templos e lares;
Contra os bons, contra os fortes de alma nobre,
Línguas e dentes dardejais nos ares:

Mas só podeis ferir, na raiva pobre,
Em vez dos corações, os calcanhares.

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