domingo, 28 de dezembro de 2008

2009


Um super 2009 carregado de boas surpresas!
Inté...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


Labirintos


Imagens que falam por si só


Do blog Querido Leitor...

O resultado saiu ontem.
Lula tem mais de 70% de aprovação popular.
Curiosamente, também ontem,
o capítulo de A Favorita
foi visto por 70% dos lares
que estavam com a TV ligada.
Os Favoritos, portanto,
são Lula e a Rede Globo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

rapadura é doce...

mas não é mole não...
ou
quando insanidade
vira um estado de espírito`...

Mundo Desregulado


´Chove, chuva

chove sem parar`(...)
e não é chuva de verão,
antes fosse...
é chuva fina,
fininha
que traz aquele friozinho...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tudo depende da sua escolha...


Vai começar uma nova etapa:
Larch + Mimulus...

Caminho



( ... )"Tudo é um entre um milhão de caminhos.

Portanto, você deve sempre ter em mente

que um caminho não é mais que um caminho;

se achar que não deve segui-lo,

não deve segui-lo,

não deve permanecer nele,

sob nenhuma circunstância.

Para ter uma clareza dessas,

é preciso levar uma vida disciplinada.

Só então você saberá

que qualquer caminho

não passa de um caminho,

e não há afronta,

para você nem para os outros,

em largá-lo,

se é isso o que seu coração lhe manda fazer.

Mas sua decisão

de continuar no caminho

ou largá-lo

deve ser isenta de medo e de ambição.

Eu lhe aviso.

Olhe bem para cada caminho,

e com propósito.

Experimente-o tantas vezes

quanto achar necessário.

Depois, pergunte-se,

e só a si,

uma coisa.

Essa pergunta é uma

que só os muitos velhos fazem.

Meu benfeitor certa vez

me contou a respeito,

quando eu era jovem,

e meu sangue era forte demais

para poder entendê-la.

Agora eu entedo.

Dir-lhe-ei qual é:

esse caminho tem coração?

Todos os caminhos são os mesmos:

não conduzem a lugar algum.

São caminhos que atravessam o mato,

ou que entram no mato.

Em minha vida posso dizer

que já passei por caminhos compridos,

compridos,

mas não estou em lugar algum.

A pergunta de meu benfeitor agora tem significado.

Esse caminho tem um coração?

Se tiver,

o caminho é bom;

se não tiver,

não presta.

Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma;

mas um tem coração e o outro não.

Um torna a viagem alegre;

enquanto você o seguir, será um com ele.

O outro o fará maldizer sua vida.

Um o torna forte;

o outro o enfraquece."

(Carlos Castañeda. A Erva-do-Diabo)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Cozinha Mágica


comer, rezar, amar


Hoje incorporei a mestre cuca...

Inventei um arroz

que batizei de arroz indiano.

Leva várias coisas gostosas

e o ingrediente especial: curry,

bastante curry.

hummmmmm...

e os anjos dizem amém

Olha o passarinho...

É impressão minha
ou algumas pessoas
parecem só ter vida
diante de uma lente?
Pode ser desde as lentes de uma filmadora
a de uma câmera digital...
No orkut dá para ver com maior clareza...
Bastou um click que o pessoal "se monta".
O que antes era tédio
vira a festa mais divertida do mundo.
Meros colegas ou totais desconhecidos
viram amigos de infância,
pessoas de cara fechada
sorriem para o mundo
como se fosse tudo muito natural...
Aparecer "bem" diante da câmera
virou a palavra de ordem.
Uma reflexão que fica,
assim como outra:
as tais câmeras,
em sua maioria,
são compradas
a suaves prestações
nas Casas & Vídeos da vida...

sábado, 13 de dezembro de 2008

plugada


Sabedoria

Não Confies na Resistência
Quando nasce, o homem é fraco e flexível.
Quando morre é forte e rígido.
Isso acontece com tudo.
As árvores, as plantas, são macias e tenras quando novas.
Secas e duras quando morrem.
A firmeza e resistência são sinais da morte.
A fraqueza e flexibilidade, manifestações da vida.
Assim, o homem que acredita na resistência de suas forças
não conquista ninguém e como uma árvore dura e
rígida logo apodrecerá.
Portanto, o lugar do firme e forte é embaixo
e do macio e fraco em cima.
(...)

(Lao Tsé, O livro do Caminho Perfeito, Tao Te Ching)
Sentir-se em casa
não é uma questão de ambiente
mas de adaptar-se a si mesma.
(blog Inverso meu - trecho do texto: Um lugar)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Trecho de "Time is honey"


`...O problema não é de paladar, meu caro,

é uma questão de princípios.

Acredito que o mercado de fato melhore muitas coisas.

Podem privatizar a telefonia, as estradas, as siderúrgicas.

Mas não toquem no bolo!

Ele não precisa de eficiência.

Ele é o exemplo, talvez anacrônico,

de um tempo que não é dinheiro.

Um tempo íntimo, vagaroso, inútil,

em que um momento pode ser vivido no presente,

pelo que ele tem ali,

e não como meio para, com o objetivo de.

Engana-se quem pensa que o bolo é um alimento.

Nada disso. Alimento é carboidrato, é proteína, é vitamina,

é o que a gente come para continuar em pé,

para ir trabalhar e pagar as contas.

Bolo não.

É uma demonstração de carinho de uma pessoa a outra.

É um mimo de avó.

Um acontecimento inesperado que irrompe no meio da tarde,

alardeando seu cheiro do forno para a casa,

da casa para a rua e da rua para o mundo.

É o que a gente come só para matar a vontade,

para ficar feliz,

é um elogio ao supérfluo,

à graça, à alegria de estarmos vivos.

A minha geração talvez seja a primeira que pôde crescer

e tornar-se adulto sem saber fritar um bife.

O mercado (tanto com m maiúsculo como minúsculo)

nos oferece saladas lavadas,

pratos congelados,

comida desidratada,

self-services e deliverys.

Cortar, refogar, assar e fritar são verbos pretéritos.

Se você acha que é tudo bem, o problema é seu.

Eu vou espernear o quanto puder.

Se entregarmos até o bolo aos códigos de barras,

estaremos abrindo mão de vez da autonomia,

da liberdade, do que temos de mais profundamente humano.

Porque o próximo passo será privatizar as avós,

estatizar a poesia,

plastificar o amor,

desidratar o mar

e diagramar as nuvens.

Tô fora.`

(Trecho de Time is honey de Antonio Prata)
“No mais, tudo é menor.
O socialismo, a astrofísica,
a especulação imobiliária, a ioga (...)
O homem só tem duas missões importantes:
amar e escrever à máquina.
Escrever com dois dedos
e amar com a vida inteira”
Antonio Maria
"Eles vão no ritmo deles,
a realidade que se vire
e é assim,
distraídos,
que mudam o mundo."
(Antonio Prata extraído do texto:Cruzamento)

Dois e dois são...


Ficar maduro talvez signifique deixar de lado as coisas

para as quais a gente não leva jeito e dedicar-se àquelas

em que há realmente alguma possibilidade de sucesso.

Foi seguindo essa toada que desisti de ser astronauta aos oito,

percebi que o futuro não estava no futebol lá pelos doze

e perdi as baquetas e a ambição de ser baterista

em alguma festa lá pelo terceiro colegial.

Ficar mais maduro talvez signifique retomar essas atividades

quando chegamos perto dos trinta

-- e nos damos conta de que há muito mais coisas entre o céu e a Terra

do que “possibilidade de sucesso”.

(trecho da crônica Dois e Dois , de Antonio Prata)

O SALTO

A gente não tem como saber se vai dar certo.
Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante,

onde você mexerá o suco com o canudo,

enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato

-- pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco,

adiando o momento de dizer o que deve ser dito.

Talvez, lá adiante:

mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente

-- você acabou de sair da minha casa,

seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto

–, quem sabe não seremos felizes?

Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás

e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira.

Ou duas.

Passos improvisados de tango e risadas,

no corredor do meu apartamento.

Uma festa cheia de amigos queridos,

celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é,

mas que deve ser celebrada.

Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire

(para que tanto creme, meu Deus?!),

respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar

– você me agarrando com as pernas e tapando o nariz,

enquanto subimos e descemos com as ondas

-- mãos dadas no cinema,

uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário,

um tatu bola na grama de um sítio,

algumas cidades domesticadas sob nossos pés,

postais pregados com tachinhas no mural da cozinha

e garrafas vazias num canto da área de serviço.

Então, numa manhã, enquanto leio o jornal,

te verei escovando os dentes e andando pela casa,

dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes

e andar ao mesmo tempo e saberei,

com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas,

que sou feliz.

Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante.

Silêncios onde deveria haver palavras,

palavras onde poderia haver carinho,

batidas de frente, gritos até.

Depois faremos as pazes.

Ou não?

Tudo que sabemos agora é que eu te quero,

você me quer

e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes

para fazer disso o melhor que pudermos.

Se tivermos cuidado e sorte

– sobretudo, talvez, sorte

-- quem sabe, dê certo?

Não é fácil.

Tampouco impossível.

E se existe essa centelha quase palpável,

essa esperança intensa que chamamos de amor,

então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios,

perdermos a frágil segurança de nossas solidões

e nos enlaçarmos em pleno ar.

Talvez nos esborrachemos.

Talvez saiamos voando.

Não temos como saber se vai dar certo

-- o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão

--, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.

(Antonio Prata - crônica para a revista Capricho)

Pensamento Único



A calabresa está com os dias contados.

É a próxima vítima na cruzada puritana que assola o Globo.

Quando a última bituca for apagada

no fundo do derradeiro copo de chope, pode anotar:

eles virão atrás da lingüiça.

A caçada, na verdade, já começou.

Ontem à noite, num bar,

uma garota em minha mesa resolveu desafiar o espírito do tempo

e pedir ao garçom, sob olhares atônitos dos outros comensais,

um sanduíche de calabresa.

O resto da turma a olhou, incrédulo.

Diante de suflês de abobrinha,

saladas verdes e outros corolários anódinos do auto-controle,

pareciam dizer, cheios de orgulho e inveja:

você não sabe que não se pede mais esse tipo de coisa?!

Por enquanto, a repressão é apenas cultural,

mas é assim que começa.

Em breve os carnívoros começarão

a ser hostilizados em restaurantes.

Depois, quem sabe, serão obrigados a usar estrelas vermelhas

costuradas à roupa.

Daí para os cercarem em guetos e

você-sabe-bem-como-essa-história-termina é apenas um passo.

A moda agora é das comidas funcionais.

Suco de berinjela,

salada de alfafa,

meia uva com três grãos de gergelim...

Tudo pelo bom funcionamento do sistema digestivo,

como se fôssemos meras máquinas a serem reguladas.

Daqui a pouco o garçom vai perguntar, enquanto toma nosso pedido:

“quer que dê uma olhada no óleo e na água?”

Podem dizer que é para o nosso próprio bem.

Que a gordura mata e o agrião salva.

Amém.

Acredito, no entanto, que a opção preferencial pelas fibras

nada tem a ver com a saúde do corpo mas, sim, com uma doença da alma:

o sabor está ficando démodé.

Há uma espécie de ascetismo religioso nessa austeridade dietética.

Um júbilo penitente pelo auto-controle.

Segundo o novo moralismo alimentar,

os gordos são preguiçosos,

os carnívoros são lascivos e quem pede uma calabresa,

de noite,

na frente dos outros,

só pode estar completamente fora de sintonia com a própria época.

A questão é séria e requer uma atitude.

Glutões de todo o mundo,

discípulos de Baco,

cultores do bom,

do belo

e do supérfluo, uni-vos:

o prazer subiu no telhado.

Ponham as carnes na grelha,

aumentem o som,

abram um vinho,

reajam! Antes que seja tarde

e o mundo se transforme numa barra de cereal.

Light.

(Blog do Antonio Prata)

Sorvete de Cheesecake


Diz a lenda que Joe Kennedy,
pai do presidente, pressentiu o crash de 29
ao receber dicas de investimento
do garoto que lustrava seus sapatos.
Se até o engraxate estava especulando
-- especulou o especulador --
era porque a especulação já tinha ido muito mais longe
do que qualquer especulador poderia ter especulado.
Eu, modéstia à parte, também farejei que algo ia mal na economia
alguns meses atrás, ao entrar numa grande vídeo-locadora
e dar de cara com um jogo de panelas
(linha Firenze, revestimento de teflon),
seis pares de meias brancas
(made in China, dez reais)
e uma seção inteira dedicada às lingeries.
Quando você acha calcinhas onde buscava Hitchcock,
só pode concluir que o mercado está completamente desregulado, não?
Na verdade, eu suspeitava que as coisas andavam confusas
desde uma remota tarde no século XX
em que a banca do seu Arlindo passou a vender água de coco.
Em pouco tempo o jornaleiro comprou um freezer vertical
e começou a oferecer também cervejas, refrigerantes e bebidas isotônicas,
onde antes havia apenas jornais e revistas,
abalando assim um dos pilares de meu pensamento infantil
-- a crença de que uma coisa era uma coisa,
outra coisa era outra coisa.
Preocupado com a quebra de meus paradigmas,
comecei a buscar alguma explicação no papo dos adultos.
Falavam sobre a globalização,
o fim das fronteiras e a abertura dos mercados.
Era isso: seu Arlindo estava abrindo um mercado.
E não só ele, percebi,
ao reparar no que acontecia com os postos de gasolina:
ali, naquela casinha onde antes funcionava uma borracharia,
com uma banheira de água imunda
e um pôster da Maria Zilda arrancado de uma Playboy de 85,
passaram a vender lasanhas congeladas,
papel higiênico, canetas hidrocor e outros itens
de primeira, segunda ou terceira necessidade.
O que era o tal fim das fronteiras só entendi nos anos 90,
não com desmantelo da Iugoslávia,
mas ao deparar-me com um saco de batatas-fritas sabor churrasco.
Depois vieram o sorvete de cheesecake,
o chocolate de cookies e a pizza de cachorro-quente
(e ainda crêem que o mercado se regula?!),
mas nem me abalei:
já estava claro que uma coisa poderia ser outra coisa e,
como vimos nos últimos meses,
era possível todas as coisas transformarem-se em coisa nenhuma.
Quando entrei na locadora, portanto,
e deparei-me com panelas, meias e calcinhas,
entendi que aquele era o apogeu do movimento iniciado
lá atrás com os cocos do seu Arlindo e que logo viria a débâcle.
O pai do Kennedy, em 29,
vendeu as ações e comprou terras e imóveis.
Eu, dentro de minhas limitações, apenas aluguei um filme
e levei um daqueles pacotes com seis meias,
pela incrível bagatela de dez reais.
Meias brancas, médias e lisas, como convém.
Afinal, em momentos de incerteza,
temos que nos refugiar na tradição.
(Blog de Antonio Prata - publicado no estadão)

ZONA DO AGRIÃO


Parado, com a colher suspensa sobre a bancada de aço inox,

o sujeito atravancava minha passagem.

Ia enfiá-la no pote de ervilhas, arremeteu,

pousou-a na bandeja de beterrabas,

levantou uma rodela, soltou-a,

duas gotas vermelhas respingaram no talo de uma couve-flor.

Fosse mais para trás, lá pela travessa do agrião,

eu poderia ultrapassá-lo e chegar aos molhos

a tempo de colocar azeite e vinagre antes que ele se aproximasse,

mas da beterraba aos temperos é um passo e então seria eu a atrapalhar sua cadência.

(Segundo a etiqueta não escrita dos restaurantes por quilo,

a ultrapassagem só é permitida se não for reduzir a velocidade do ultrapassado --

o que seria equivalente a furar a fila).

Tudo é movimento, dizia Heráclito;

o mundo gira,

a lusitana roda, anunciava a televisão:

só eu não me mexia,

preso diante da cumbuca de grãos de bico com atum.

Fiquei irritado.

Aquele homem hesitante estava travando o fluxo de minha vida,

dali para frente todos os eventos estariam quinze segundos atrasados:

da entrega desta crônica ao meu último suspiro.

Limpei a garganta, o sujeito olhou para mim

e foi então que o inusitado se deu:

ele sorriu.

Meu mau-humor foi expulso pela vergonha.

Ali estava eu, buzinando mentalmente,

ultrajado pela subtração de um punhado de segundos.

Qual a pressa?

Só mandaria a crônica no dia seguinte,

o último suspiro, quanto mais distante, melhor,

esse foi um ano bom,

construí uma churrasqueira,

terminei um livro,

passeei por aí com meu amor,

já estamos quase em novembro,

logo começam a ligar os amigos para nos encontrarmos

antes que o ano acabe,

ou que o mundo acabe,

dependendo do que acontecer com a economia

-- e mesmo que venha a hecatombe,

não seria mais uma razão para trabalharmos em paz

na composição de nossa salada?

Lá fora havia chefes e planilhas Excel,

carretas viradas e possibilidade de pancadas isoladas à tardinha;

talvez haja recessão em 2009

e há uma chance em 50 milhões de que a Terra

seja engolida por um buraco negro quando ligarem

o acelerador de partículas na Europa,

mas ali estávamos nós,

dois homens em horário de almoço,

decidindo entre dezenas de possibilidades

de agraciar nossas papilas gustativas nos próximos minutos.

No fim das contas a vida é isso aí,

escolher entre ervilhas e beterrabas,

antes que chegue o último suspiro

e sejamos nós o alimento de outras criaturas.

Qual a pressa?

O sujeito serviu-se de três rodelas de beterraba

e passou-me a colher.

Eu sorri, ele sorriu de volta.

Pensei em desejar-lhe feliz natal,

mas era cedo, dizer bom apetite, mas era tarde:

a mulher atrás de mim limpou a garganta,

dando a entender que se eu não fosse me servir de nada

era melhor sair da frente, em vez de ficar ali,

com a colher suspensa sobre a bancada de aço inox,

a contemplar os legumes e atravancar sua passagem.

(Blog do Antonio Prata-Publicado no estadão)

meninismo


O machismo assumiu outras formas:

como o meninismo, por exemplo,

que de inédito nada tem.

O meninismo sempre existiu,

por baixo de pêlos viris

e ternos bem ou malcortados,

como o lado doméstico,

escondido e até lúdico do machismo.

Bem traduzido no tom imperativo

com que o homem-menino

da casa pergunta se a sua refeição

ou a roupa está pronta,

entre outras questões práticas

que cabem à governanta,

secretária, faxineira,

mãe e amante de cada moleque.
2kg de vírgulas
300g de interrogações
50g de travessões
2 colheres de sopa de reticências
½ copo de pontos finais
E formamos uma hipótese

Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008


Fatos...


Para quem ainda tinha dúvidas (como eu) do sucesso
da Turma da Mônica Jovem,

bastou um telefonema de Sidney Gusman, responsável

pelo planejamento editorial dos personagens de Mauricio de Sousa,

para confirmar:

- Não sei se a causa é o beijo entre Mônica e Cebolinha,

mas, depois de uma tiragem de 300 mil,

a Panini acaba de me informar que vai imprimir

mais 100 mil exemplares

deste número quatro.

- Deste jeito chegaremos a um milhão de exemplares!
Sem esconder a empolgação pelo número estrondoso

para uma HQ brasileira nos dias atuais,

Gusman diz que isto é só o começo.

A idéia, agora, é lançar Cebolinha e Cascão
também em carreira solo,

com gibis de histórias únicas.

Isto sem falar no licenciamento de produtos com os personagens

em suas versões adolescentes e em mangá.

Mas, claro, continuando com a idéia de tratar de assuntos

de interesse dos jovens leitores.
- O próximo número da "Turma da Mônica Jovem"

terá três histórias passadas no bairro do Limoeiro.

Depois voltamos a contar histórias de fantasia.

A idéia é mesclar os temas - explica Gusman.

- Para o futuro, pretendemos tratar do assunto do alistamento militar,

possivelmente do Franjinha, do Titi ou do Jeremias.
P/ mim,
perdeu todo o encanto,
mas contra os fatos não há argumentos...

Boas Festas

Anoiteceu
O sino gemeu
A gente ficou
Feliz a rezaaarrr
Papai Noeeelllll
Vê se você temmm
A felicidade
Pra você me dar
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel
Já faz um tempo que pedi
Mas o meu Papai Noel não veemm
Com certeza já morreu
Ou, então, felicidade
É brinquedo que não tem.

Se uma "Frida" já é bom...


Imagine duas...

O que está faltando...


Ética...

A ética é um conjunto de juízos de valor

que delimita a tomada de decisões.

É através da ética que conseguimos fazer boas escolhas,

sem que estas afetem ou prejudiquem outras pessoas.
A pessoa mais feliz é a que carece de menos coisas...
Felicidade é um estado de espírito...
Aprendi......
que ignorar os fatos não os altera;
que o AMOR, e não o TEMPO,
é que cura todas as feridas;
que a vida é dura,
mas eu sou mais ainda;
que as oportunidades nunca são perdidas;
alguém vai aproveitar as que você perdeu.
que quando o ancoradouro se torna amargo,
a felicidade vai aportar em outro lugar;
que não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito;
que todos querem viver no topo da montanha,
mas toda a felicidade e crescimento ocorre quando você está escalando-a;
que quanto menos tempo tenho,
mais coisas consigo fazer.

Arrastão da felicidade!


A felicidade é contagiosa, anunciaram pesquisadores.

A mesma equipe que comprovou que obesidade e tabagismo

se difundem em rede,

demonstrou que quanto mais pessoas felizes você conhece,

maior é a probabilidade de você mesmo ser feliz.

Felicidade dos sexos

Os homens ficam mais felizes quando têm dinheiro,
enquanto as mulheres se satisfazem mais com amizades
e relacionamentos com os filhos, colegas e chefes.
"Por serem mais felizes com fatores não-econômicos,
a felicidade das mulheres é mais à prova de recessão,
o que pode explicar por que as mulheres mundo afora
estão mais felizes em geral do que os homens",
disse nota assinada por Bruce Paul,
vice-presidente de Pesquisas do Consumidor da Nielsen.
As mulheres também são mais otimistas...

Amor Maduro

O amor acaba


O amor acaba.

Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova,

depois de teatro e silêncio;

acaba em cafés engordurados,

diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar;

de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel

ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas;

na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio;

e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema,

como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão;

como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado;

na insônia dos braços luminosos do relógio;

e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg,

entre frisos de alumínio e espelhos monótonos;

e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão;

às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia;

no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar;

na epifania da pretensão ridícula dos bigodes;

nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas;

quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia,

onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar;

na compulsão da simplicidade simplesmente;

no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina;

no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias,

mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável

entre o pólen e o gineceu de duas flores;

em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas,

onde há mais encanto que desejo;

e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos,

caindo imperceptível no beijo de ir e vir;

em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero;

nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus,

ida e volta de nada para nada;

em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba;

no inferno o amor não começa;

na usura o amor se dissolve;

em Brasília o amor pode virar pó;

no Rio, frivolidade;

em Belo Horizonte, remorso;

em São Paulo, dinheiro;

uma carta que chegou depois, o amor acaba;

uma carta que chegou antes, e o amor acaba;

na descontrolada fantasia da libido;

às vezes acaba na mesma música que começou,

com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes;

e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros;

e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque;

no coração que se dilata e quebra,

e o médico sentencia imprestável para o amor;

e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados;

e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo;

na janela que se abre, na janela que se fecha;

às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa,

que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo;

às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido;

mas pode acabar com doçura e esperança;

uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor;

na verdade;

o álcool;

de manhã, de tarde, de noite;

na floração excessiva da primavera;

no abuso do verão;

na dissonância do outono;

no conforto do inverno;

em todos os lugares o amor acaba;

a qualquer hora o amor acaba;

por qualquer motivo o amor acaba;

para recomeçar em todos os lugares

e a qualquer minuto o amor acaba.

Paulo Mendes Campos(Crônicas líricas e existenciais. 2a ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

moda é a.r.t.e




Achei incrível os desenhos de Laura Laine.


Laura é finlandesa, tem apenas 24 anos


atualmente seu trabalho pode ser visto nas páginas


de Elle Girl, NY Times Magazine, Páp Magazine


e alguns dos mais recentes e também lindos para Tommy Hilfiger,


numa edição britânica da GQ e outro para a Kenzo.



um amor assim...


Eu quero um amor sem ajustes.

Que sirva direitinho,

sem sobrar nem faltar espaço.

Que fique justo no corpo,

com encaixe perfeito.

Que me faça sentir linda

só por tê-lo.

Quero um amor delicado.

Quase infantil.

De passear de mãos dadas.

De borboletas no estômago.

Quero um amor cuidadoso.

Que pegue no colo.

Que saiba dar colo.

E pedir.

Quero um amor com sorrisos.

De admiração e orgulho.

De divertimento.

Quero um amor desengonçado.

Atrapalhado.

Bobo.

Do tipo que dá vontade de apertar as bochechas.

Quero um amor com aconchego.

Que me ofereça o ombro, o abraço.

E dê beijos sem que eu precise pedir.

Quero um amor tagarela.

Que saiba conversar.

Que encha de elogios espontâneos.

Que diga o que sente.

Quero um amor com romance.

Não precisa ser meloso.

Mas deve ter rompantes de mimosura

de tempos em tempos.

Quero um amor sincero.

Que tente resolver as coisas.

Que não fuja.

Ou que fuja, mas dê aviso prévio.

Quero um amor companheiro.

Que vá comigo a Paris.

Ao mercado.

E a todos os programas de índio.

Quero um amor amigo.

Que me entenda.

Me desvende.

Me desfrute.

Que aproveite a minha companhia.

E adore.

Quero um amor simples.

Honesto.

E digno.